domingo, 18 de dezembro de 2011

18 de Dezembro: Invasão de Damão

Fonte: Área Militar



Com 50km quadrados de extensão, Damão tinha uma população estimada em 22.000 habitantes e dividia-se em duas parcelas, separadas pelo rio Sandalcalo. A parcela sul de menores dimensões, chamada de Damão-Grande (por causa da enorme fortaleza que ali se encontrava), e a outra de maiores dimensões, mas chamada de Damão-Pequeno, também por causa da dimensão muito menor do fortim na margem norte do rio Sandalcalo.
Em Damão, encontravam-se duas companhias de caçadores e um bateria de artilharia. O armamento das forças era idêntico ao que se encontrava nos restantes territórios. Relativamente antigo e com munição insuficiente ou fora do prazo de validade, o que levava a que muitas vezes as granadas não explodissem.
As operações militares da Índia tiveram inicio bastante tenpo antes da invasão, com as violações do espaço aéreo por parte da aviação indiana, tanto com aeronaves de asa fixa como com helicópteros.
Para a invasão, as forças da União Indiana prepararam um efectivo que ascendia a 4.000 homens, constituído por forças regulares e forças do SRP (State Reserve Police).
As forças portuguesas tinham também recebido cerca de dez dias antes da invasão, um canhão anti-aéreo de 20mm destinado a proteger a artilharia. Damão tinha sido protegido com pequenos campos de minas e tinham sido construídos abrigos defensivos.

18 de Dezembro

A acção militar contra Damão teve inicio por volta das 02:00 da manhã do dia 18 de Dezembro, contra o posto de Benselor.
Às 04:00 – Praticamente todos os postos da União Indiana começam a fazer fogo de armas ligeiras contra as posições portuguesas ao longo de toda a fronteira. As forças indianas avançadas, constituídas por um batalhão a três companhias (900 homens segundo fonte indiana) progridem pela área central do território norte, tendo como objectivo tomar o aeroporto.
Os oito militares portugueses nessa posição foram surpreendidos, tendo resistido até que as suas posições foram tomadas.
04:15 – Forças da União Indiana avançam sobre Calicachigão.
Até esta altura o comando do agrupamento de Damão ainda considerava que se estava perante um dos muitos incidentes de fronteira que já tinham ocorrido.
04:30 – A artilharia da União Indiana Inicia um bombardeamento sobre a fortaleza de Damão Grande.
04:45 – Logo que se iniciou o bombardeamento, a artilharia portuguesa recebe ordens para fazer fogo de contra-bateria sobre as posições indianas em Cuntá, onde os cálculos de tiro consideravam estar a artilharia inimiga.
Os ataques indianos e as dificuldades de transporte fizeram com que o comando em Damão Grande (sul) ficasse praticamnte isolado das forças em Damão-Pequeno.
07:00 – Um grupo de militares enviado ao aeroporto para verificar a situação é surpreendido pelas forças indianas que já ali se encontravam.
07:30 – O território de Damão é sobrevoado por aviões a jacto e de seguida atacado violentamente com bombas e foguetes. Este ataque dura meia hora.
A esta altura, informados pelo grupo de reconhecimento que se tinha deslocado ao aeroporto as forças portuguesas em Damão Pequeno (norte), na fortaleza de S. Jerónimo atacam as tropas indianas no aeroporto com fogo de morteiro.
08:30 – As posições portuguesas junto da fronteira em Damão-Grande (sul) informam que estão a ser atacadas pela artilharia indiana, recebendo ordens para se posicionarem nas posições defensivas previamente estabelecidas.
Também às 08:30 a artilharia indiana responde ao ataque português contra o aeroporto, atacando Damão-Pequeno.
09:30 – Ocorre o segundo ataque da aviação da União Indiana. Dois jactos bombardeiam a cidade, matando civis mas não atingindo qualquer objectivo militar.
10:00 – As forças portuguesas na fortaleza de S. Jerónimo (Damão-Pequeno) que estavam a fazer fogo de morteiro contra o aeroporto começaram a ser atacadas por fogo de contra-bateria da artilharia indiana. A força é obrigada a mudar de posição. A pontaria da artilharia indiana foi no entanto considerada pouco eficaz.
À mesma hora, o Maj. Costa Pinto, comandante do agrupamento de Damão, atravessa o rio de sul para norte, para se inteirar da situação, dado aparentemente o avanço das forças indianas só se verificar naquela área.
10:30 – É atacado o posto de Cátria, resultando na morte de um polícia.
11:00 – Ocorre o terceiro ataque da aviação da União Indiana. Os aviões atacam a área da frente de combate e a fortaleza de S. Jerónimo, onde tinham referenciado a origem dos disparos de morteiro portugueses. É violentamente atacado o posto de Bimpor, onde a resistência portuguesa tinha sido eficiente. O ataque não tem consequências porque as forças portuguesas estão protegidas pelas trincheiras previamente escavadas. Bimpor resistirá por mais duas horas, até retirar para Marvor.
11:30 – As forças portuguesas em Varacunda, esgotaram as suas munições. O posto ainda é remuniciado, sendo enviada uma viatura debaixo de fogo do inimigo.
12:00 – Sem munições para continuar a combater, é abandonado o posto de Benselor, retirando em boa ordem para Cátria, esta retirada facilita a progressão das forças indianas.
O comandante do agrupamento ordena que a artilharia que se encontra na margem sul do rio Sandalcalo (Damão Grande) ataque as posições indianas em Cuntá, para continuar a manter a pressão sobre o inimigo.
No entanto, a ordem não é cumprida. Aparentemente, na falta de outras instruções, o comandante da Bateria (Cap.Felgueiras de Sousa) terá decidido içar bandeiras brancas, ordenando a destruição do material.
Gera-se confusão por causa de ordens emitidas pelo comandante da Bateria de Artilharia, sobre a rendição da praça. Ordens são dadas aos gritos, de ambos os lados do rio. Aparentemente, o comandante da Bateria de artilharia, deu ordens de rendição às restantes forças na margem norte, sem que para isso tivesse qualquer autoridade, e sem ter recebido ordem de rendição do comandante do agrupamento.
13:00 – Os vários postos na fronteira no extremo leste, de Calicachigão-A a Atiavar, vão ficando sem munições e retiram para Damão Pequeno.
14:00 – Ocorre o quarto bombardeamento da força aérea da União Indiana. O ataque incide sobre Damão Pequeno, onde se concentrava o principal foco de defesa, em Damão Pequeno, na margem norte do rio Sandalcalo.
16:00 – A infantaria portuguesa, que continua a fazer fogo de morteiro sobre as posições indianas, volta a mudar de posição, para evitar o fogo inimigo de contra-bateria.
16:30 – Perante a continuação do fogo, a aviação da Índia efectua o seu quinto ataque aéreo contra as posições portuguesas. Desta vez, é completamente destruído o posto de Catria.
17:00 – As tropas portuguesas retiram de Catria em direção à fortaleza em Damão Pequeno mas continuam a resistir.
17:30 – Ocorre o sexto ataque aéreo da aviação da União Indiana, desta vez recorrendo a bombas incendiárias. O bombardeamento mata seis civis e deixa outros feridos, mas não causa nenhuma baixa entre os militares.
No entanto, foi atingida uma embarcação que levava armas para a fortaleza de Damão Grande, tendo-se perdido armas e munições.
18:00 – A violência do ataque aéreo, desmoralizou consideravalmente as forças portuguesas, que retiram para sul, em direcção à fortaleza de Damão Grande, onde estavam hasteadas bandeiras brancas desde as 11:00.
É também por volta desta hora, que é atingido numa perna por fogo inimigo o próprio comandante do agrupamento, sendo levado ao posto de socorros.
19:00 – No próprio posto de socorros decorre uma reunião para fazer o ponto da situação. Conclui-se que o dispositivo defensivo se encontra desarticulado, não sendo viável a continuação da resistência.
É dada ordem para entrar em contacto com as forças inimigas, a fim de estabelecer negociações.
20:00 - Quando uma delegação portuguesa se tenta aproximar das linhas inimigas para parlamentar, é recebida a tiro, matando um dos soldados que a acompanhva e é obrigada a retirar. As negociações não prosseguem, porque entretanto caiu a noite.

19 de Dezembro

07:00 – Com o raiar do dia ocorre o sétimo ataque aéreo contra Damão. Como ocorreu com quase todos os outros ataques, há a lamentar a morte de civis, não sendo atingidos militares.
08:00 – Uma delegação enviada pela bateria de artilharia para tentar parlamentar com o inimigo é mais uma vez recebida a tiro, e forçada a retirar.
Mais tarde, os indianos fazem transmitir a exigência de que seja o próprio comandante, - que se encontrava ferido - a apresentar a rendição.
09:00 – O comandante do agrupamento de Damão, é transportado de maca até à quinta de Manekgi, nas proximidades do aeroporto onde o comandante indiano aceita a rendição das forças portuguesas.

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